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Blog com os meus poemas originais e com comentários sobre outros poemas
Há poesia em tudo
Muita
Basta procurá-la
E a linguagem captura
Os pensamentos buscam-se
Restos sobrepostos
De tudo, sempre fica um pouco
Enquanto o tempo me escapa
Registrarei as mesmas inquietações
Sistematicamente
Chamando-as de poesia.
O vazio é um cansaço
O corpo versus as palavras
Apenas aguardo
Apenas sinto um eco musicado
Meu nada, vejam, já foi tudo
Meus versos, percebam, já te transfiguram
Já não me moves mais
Já não pergunto até quando
Que meu coração não endureça
Que dores escondidas não apareçam
Sou um pássaro abandonado descobrindo o próprio canto
Mas nunca quis te transformar em versos.
Transcrevo o mundo transformado em mim
Exponho (me) (em) imagens tão sombrias.
Em sol sufocante
Meus versos inflamam
E ardem lentamente.
Nunca serei-te indiferente
Amei demais tua virtude falsa - a minha virtude falsa
Tua lógica diante de meu desespero
Perdemos a chance de confiarmo-nos nossos vazios
Não fomos
Acabou, se não acabou?
Ainda sinto tua parte em mim
E em ti, reconheço-me
Mas não sinto mais o que senti.
Choveu, silenciou
Adentro o silêncio
Sem reflexões, nada
Nenhuma palavra
Inatingido, vasculho o nada
Procuro a poesia
Não saio da poesia
Nem de mim
Ainda, nenhuma palavra
Contrariado
Componho o nada
A chuva recomeça.
Nos séculos XII e XIII, excetuando os meios clericais, a literatura era transmitida pelos jograis. Eram artistas que ofereciam espetáculos e música, entre outros, nas feiras e nos castelos. O segundo rei de Portugal, Sancho I, tinha jograis.
Entre os territórios dominados pelo reino de Leão e Castela, a corte de Alfonso X, sediada em Toledo, foi a que mais recebeu a cultura jogralesca. Alfonso X protegia a maior parte dos jograis e dos trovadores galego-portugueses. De seu scriptorium, provavelmente saiu o Cancioneiro da Ajuda, posto em um códice iluminado, considerado por António José Saraiva, "o primeiro monumento da literatura em língua portuguesa conservado em Portugal". No Cancioneiro, estão compiladas poesias de amor compostas pelos trovadores provençais anteriormente a 1284, data da morte de Alfonso X.
Nesta escrita indecisa
Equivocada?
Busco-me em aflição contida
Busco a poesia
Busco e como busco
Suspeito:
Escrever não será
Encontrar o outro?
É natal, nunca estive tão só.
Nem sequer neva como nos versos
do Pessoa ou nos bosques
da Nova Inglaterra.
Deixo os olhos correr
entre o fulgor dos cravos
e os dióspiros ardendo na sombra.
Quem assim tem o verão
dentro de casa
não devia queixar-se de estar só,
não devia.
Neste poema, de Rente ao Dizer, o eu lírico se situa em uma data festiva para relatar-nos sua solidão. O Natal não está como deveria ser. O seu Natal não parece igual ao de todo mundo. Contudo, ele olha ao redor, para a beleza das pequenas coisas, para o conforto de sua casa e reconsidera sua reclamação.